Um estudo recente da Universidade da Califórnia, Davis, mostra que as uvas Cabernet Sauvignon mantêm memória epigenética mesmo após séculos de propagação por clonagem. Esta pesquisa sobre epigenética revela como as uvas viníferas conseguem preservar a estabilidade genética ao mesmo tempo em que transmitem características por meio de mecanismos epigenéticos.

A equipe de pesquisa utilizou tecnologia avançada de sequenciamento genômico para construir mapas genômicos detalhados do Cabernet Sauvignon e de seus progenitores, Cabernet Franc e Sauvignon Blanc. O estudo foi o primeiro a confirmar que as marcações químicas que regulam a expressão gênica podem persistir por centenas de anos em culturas reproduzidas assexuadamente. O professor Dario Cantu, do programa de Viticultura e Enologia, afirmou: “Essas modificações não alteram o código genético em si, mas ficam acima dele. Elas podem ser herdadas dos pais, mas também podem mudar à medida que você cresce, interage com o ambiente ou enfrenta estresse ou doenças.”

Publicado na revista Genome Biology, o estudo estabelece um novo quadro analítico genômico capaz de rastrear padrões hereditários de marcações epigenéticas. Os pesquisadores descobriram que, embora haja pequenas diferenças entre videiras clonadas, seus padrões epigenéticos centrais permanecem estáveis ao longo de séculos de propagação. Este estudo fornece uma nova perspectiva sobre como culturas longevas se adaptam às mudanças ambientais.

Cantu destacou: “Se soubermos quais mudanças epigenéticas induzidas por estresse são duradouras, poderemos introduzi-las expondo as plantas a condições específicas e selecionar videiras que mantenham esses marcadores benéficos a longo prazo.” O método analítico desenvolvido pelo estudo pode ser aplicado a outras culturas perenes, contribuindo para orientar programas de melhoramento voltados à resiliência.