Recentemente, a distribuidora de insumos agrícolas Lavoro, do Brasil, anunciou o fechamento de 70 de suas 183 lojas. A medida visa enfrentar a queda nas vendas e as dificuldades financeiras atuais, otimizando a estrutura operacional para reduzir custos fixos e eliminar sobreposições de negócios após ciclos de aquisição.
O CEO da Lavoro, Ruy Cunha, destacou que a empresa enfrentou um agravamento da crise de liquidez no final de 2024. A proporção de compras à vista, que antes representava 25% a 30% do total, caiu para um dígito percentual, aumentando significativamente a necessidade de capital de giro. Além disso, a Agrogalaxy, maior varejista de insumos agrícolas do Brasil, entrou em recuperação judicial em setembro de 2024, interrompendo repentinamente o financiamento de estoques e agravando a pressão financeira sobre a Lavoro.
Segundo análises da Oken Finance, as estratégias de financiamento adotadas por Lavoro e Agrogalaxy demonstraram alta vulnerabilidade ao atual cenário de mercado. O modelo baseava-se na captação de recursos a taxas baixas para compras à vista de insumos, permitindo a oferta de crédito mais competitivo aos produtores rurais, aumentando assim a margem operacional. No entanto, com a alta das taxas de juros internacionais, o aumento do custo de financiamento reduziu drasticamente essa vantagem competitiva.
Além disso, a alta nos preços dos insumos e os custos de estoque superiores ao esperado dificultaram a manutenção de condições atrativas de crédito para os agricultores. No terceiro trimestre de 2024, a Agrogalaxy registrou um prejuízo líquido ajustado de aproximadamente R$ 1,6 bilhão, levando-a à recuperação judicial e à venda de R$ 760 milhões em ativos para reforçar sua estrutura de capital. A Lavoro também enfrenta dificuldades: no primeiro trimestre de 2025, sua receita consolidada caiu 13%, para R$ 2,05 bilhões, enquanto o prejuízo líquido aumentou de R$ 71 milhões para R$ 267 milhões, apesar do crescimento de 10% na margem bruta.
Diante desse cenário, a Lavoro anunciou o fechamento das 70 lojas e revisou suas projeções para o ano fiscal de 2025. A empresa estima uma receita consolidada entre R$ 6,5 bilhões e R$ 7,5 bilhões (aproximadamente US$ 1,19 a 1,29 bilhão), sem crescimento no EBITDA ajustado. Segundo a companhia, a decisão de reduzir sua presença física é uma resposta necessária às atuais condições de mercado, visando cortar custos operacionais e otimizar a alocação de recursos.
A análise da Oken Finance sugere que as dificuldades enfrentadas por Lavoro e Agrogalaxy evidenciam a necessidade de repensar a inovação no financiamento agrícola. É fundamental diversificar fontes de financiamento e adotar mecanismos de ajuste que absorvam flutuações globais e locais. O modelo de compras à vista, sem flexibilidade para ajustar custos, coloca as empresas em uma posição vulnerável diante de mudanças de mercado. Para o futuro, as distribuidoras de insumos agrícolas precisarão de estratégias financeiras mais ágeis e adaptáveis, garantindo resiliência frente a um ambiente econômico dinâmico e desafiador.









