Uma equipe de pesquisa do Centro de Terapia de Prótons de Trento, na Itália, anunciou recentemente o sucesso na aplicação clínica da técnica de terapia com arco de prótons (PAT, na sigla em inglês). O estudo foi publicado na revista Medical Physics. Tradicionalmente, a terapia com prótons utiliza a técnica de varredura com feixe de lápis (PBS), conhecida por sua alta conformidade na distribuição de dose. No entanto, o número limitado de direções de feixe que podem ser emitidas durante o tratamento ainda representa uma restrição. A PAT resolve esse problema ao otimizar a entrega do feixe de prótons por meio de trajetórias em arco.
No estudo, a equipe de Trento, em colaboração com o laboratório RaySearch, comparou os planos de tratamento com PAT e os planos PBS com otimização de múltiplos campos (MFO) em 10 pacientes com câncer de cabeça e pescoço. Os resultados mostraram que a PAT melhorou significativamente a conformidade da dose, reduzindo a dose média nos órgãos de risco, com destaque para a redução da dose no tronco cerebral. A PAT também diminuiu o risco de xerostomia (boca seca) e melhorou ligeiramente a probabilidade de complicações em outros tecidos normais. Os pesquisadores validaram a implementação da PAT e da MFO em uma estrutura clínica, observando que os tempos de emissão foram semelhantes, o que impulsionou a aplicação clínica da PAT. Até o momento, nove pacientes já receberam ou estão recebendo tratamento com PAT, incluindo cinco com tumores de cabeça e pescoço, três com tumores cerebrais e um com câncer de tórax.
Frank Lohr, diretor do centro, e Marco Cianchetti, vice-diretor, destacaram que os planos de PAT discretizados mantêm as características superiores de dose dos planos de arco dinâmico, permitindo sua utilização sem a necessidade de esperar pelo desenvolvimento completo da tecnologia de arco total. A limitação atual é que a velocidade do tratamento ainda não atingiu o nível de um arco dinâmico completo. O tratamento é realizado com o equipamento IBA ProteusPlus e os fluxos de trabalho existentes, convertendo os planos de arco em planos PBS de múltiplos feixes para garantir compatibilidade com os sistemas atuais. Isso significa que a maioria dos centros de prótons pode implementar a PAT com o hardware existente.
A equipe de pesquisa está analisando dados de toxicidade aguda dos pacientes para avaliar o potencial de redução de toxicidade da PAT. Eles também planejam otimizar o tempo de administração e simplificar os fluxos de trabalho, visando aumentar a competitividade futura da técnica.









