Um dos tribunais superiores da África do Sul anulou na quarta-feira uma licença governamental que autorizava a empresa estatal de serviços públicos Eskom a construir uma usina de 3.000 megawatts a gás natural em Richards Bay, uma cidade portuária da costa leste. A Suprema Corte de Apelação decidiu que a aprovação era inválida devido à falta de consulta pública adequada.
A sentença declarou: "O efeito desta ordem é que a autorização é nula. Isso exigirá um novo pedido de autorização pela Eskom, uma vez que a participação pública necessária tenha ocorrido." A decisão exige que a Eskom reinicie o processo de aprovação, garantindo o envolvimento da comunidade antes que a construção possa prosseguir.

A instalação planejada em Richards Bay faz parte dos esforços do governo para expandir a capacidade de geração após anos de escassez de eletricidade e diversificar as fontes de energia além do carvão. Richards Bay também abriga o primeiro terminal de importação de gás natural liquefeito da África do Sul, reforçando seu papel no desenvolvimento energético do país.
A decisão do tribunal segue um padrão de decisões judiciais anteriores que invalidaram projetos de energia sem a devida consulta às comunidades afetadas. Entre eles, estão casos relacionados à exploração de petróleo e gás ao longo da costa da África do Sul.
A anulação foi bem recebida por grupos ambientalistas que contestaram a licença emitida pelo Departamento de Silvicultura, Pesca e Meio Ambiente. Os grupos argumentaram que o processo de autorização havia ignorado as preocupações dos moradores locais. Desmond D’Sa, da Aliança Ambiental Comunitária de South Durban, um dos requerentes no caso, afirmou em um comunicado: “A Eskom, como empresa estatal, por muito tempo se safou de injustiças, e as pessoas que viveram ao lado de suas instalações sofrerão com os... altos níveis de poluição.”
A Eskom, fornecedora estatal de energia da África do Sul, tem sido fundamental para atender à demanda nacional de eletricidade, mas a concessionária tem enfrentado desafios relacionados ao envelhecimento da infraestrutura, pressões financeiras e interrupções no fornecimento. A proposta da usina a gás de Richards Bay foi vista como parte de sua estratégia para abordar essas questões e reduzir a dependência da energia a carvão.
Porta-vozes da Eskom e do departamento de meio ambiente se recusaram a comentar imediatamente quando contatados pela Reuters. A decisão do tribunal agora atribui à Eskom a responsabilidade de reavaliar o projeto e garantir que as etapas futuras cumpram integralmente os requisitos de consulta.
O resultado destaca a importância do cumprimento dos procedimentos em projetos de energia de grande porte. Embora a usina de Richards Bay tenha como objetivo apoiar a estabilidade energética e diversificar a matriz energética, o tribunal destacou que tais empreendimentos devem incluir o engajamento público adequado para avançar dentro da lei.
À medida que a África do Sul trabalha para fortalecer sua capacidade de geração e mudar seu perfil energético, o equilíbrio entre as metas de desenvolvimento e a participação da comunidade permanecerá central para moldar o setor energético do país.









