Diante da escassez de energia generalizada no continente africano e da crescente demanda por industrialização, os governos africanos estão dando maior atenção à energia nuclear civil, acelerando a implementação da agenda nuclear. Atualmente, mais de 20 países africanos estão explorando o potencial da energia nuclear para atender à crescente demanda por eletricidade. As previsões mais recentes da Agência Internacional de Energia Atômica indicam que, até 2050, a demanda elétrica da África dobrará, sendo a energia nuclear considerada uma solução viável para suprir essa necessidade.
A energia nuclear não apenas fornece energia de base estável e contínua, fortalecendo a segurança energética, como também possibilita a diversificação da matriz energética, ajudando os países africanos a reduzir a dependência de combustíveis fósseis. O desenvolvimento de projetos nucleares também criará milhares de empregos técnicos, impulsionando o crescimento econômico. A África possui abundantes recursos estratégicos de urânio, oferecendo suporte robusto ao setor nuclear. Novas tecnologias, como reatores modulares pequenos, são especialmente adequadas para fornecer eletricidade a indústrias e minas, podendo ser integradas com fontes de energia renovável.
Nesse contexto, a construção de usinas nucleares em diversos países africanos tem gerado intenso debate. Egito, Quênia, Ruanda, Gana, Uganda, África do Sul, Nigéria e Zâmbia estão empenhados em iniciar ou expandir seus programas nucleares. A República do Níger anunciou seu interesse em construir usinas nucleares com o apoio da Rússia, um avanço que pode redefinir a realidade geopolítica da sub-região da África Ocidental. Ao mesmo tempo, os Estados Unidos, por meio do Artigo 123 da Lei de Energia Atômica de 1954, apoiam o programa nuclear civil da Nigéria para garantir segurança energética e crescimento econômico, além de promover os interesses comerciais de empresas americanas. No entanto, a legislação americana exige que o país parceiro assine primeiro um “Acordo 123” para aprovar a exportação de materiais e equipamentos nucleares de origem americana em grande escala.
Analistas observam que Washington atualmente promove o “Acordo 123 de Abuja”, o que pode aumentar sua influência sobre a Nigéria. Especialistas alertam, contudo, que o acordo limitará significativamente a responsabilidade americana por danos em caso de acidentes nucleares e o fornecimento de combustível nuclear, evitando que a Nigéria se reconcilie com a Rússia. Paralelamente, físicos nucleares, incluindo especialistas da Agência Internacional de Energia Atômica, apontam que a empresa nuclear russa ROSATOM oferece soluções confiáveis no campo da construção de pequenas usinas nucleares.









