Benjamin Leyre, vice-presidente do Grupo de Financiamento de Infraestrutura da Moody’s Investors Service, afirmou que um número crescente de países europeus está considerando o uso da energia nuclear, mas que esses projetos dificilmente avançarão sem apoio governamental.
Leyre fez essa declaração durante uma discussão da Moody’s sobre o mercado europeu de eletricidade, que abordou as mudanças de mercado esperadas nos próximos anos e a meta de muitos países europeus de alcançar uma descarbonização significativa até 2030.
Os analistas da Moody’s preveem que a demanda de eletricidade na Europa continuará aumentando na segunda metade do século, impulsionada pela crescente eletrificação dos transportes e do aquecimento. Nos próximos invernos, “o desequilíbrio entre oferta e demanda de eletricidade será atenuado, e a Europa está melhor preparada para o próximo inverno do que estava há um ano”.
Os analistas também preveem um aumento na participação da geração de eletricidade com baixo teor de carbono: “A recuperação da geração nuclear na França, melhores condições hidrológicas e o aumento da geração solar e eólica levaram à redução da geração térmica em 2023. No futuro, prevemos que, até 2028, a geração de baixo carbono (incluindo a nuclear) representará cerca de 80% da geração total nos mercados que analisamos, impulsionada pelo crescimento contínuo da capacidade de energias renováveis.”
De modo geral, a Moody’s prevê que os preços da eletricidade “continuarão acima da média histórica de longo prazo nos próximos anos, refletindo principalmente os preços do gás natural, que, embora tenham diminuído, permanecem elevados, já que o gás continuará sendo o combustível marginal para geração de eletricidade na maioria dos mercados europeus.”
No entanto, os analistas da Moody’s concluem que “o aumento da participação das energias renováveis também levará a uma maior volatilidade dos preços e, ao longo do tempo, os preços da eletricidade poderão cair em relação aos níveis atuais”, com preços no atacado frequentemente atingindo valores negativos a longo prazo.
Leyre observou que esses fatores tornam os investidores “relutantes em financiar usinas nucleares comerciais expostas às oscilações do mercado de eletricidade”. No entanto, ele destacou que essa questão já foi identificada e que a Comissão Europeia está levando isso em consideração ao desenvolver um novo marco regulatório para o setor energético neste ano. Segundo ele, “a Comissão Europeia tem plena consciência desse problema, e a reforma do mercado permitirá a introdução de contratos por diferença, securitizando os investimentos e proporcionando um nível de previsibilidade de preços menos exposto às variações do mercado atacadista”.
A Alemanha e a França estavam em lados opostos do debate acalorado sobre a inclusão da opção de contratos por diferença, mas chegaram a um acordo, e a medida foi incorporada ao novo marco regulatório proposto para o mercado europeu de eletricidade.









