Empresa brasileira de exportação de café de grande porte pede proteção de falência
2025-03-12 15:57
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       Em 6 de março de 2025, duas empresas de exportação de café do grupo Montesanto Tavares (MTG) do Brasil, não tendo conseguido chegar a um acordo com os credores sobre uma dívida de 2,13 bilhões de reais (aproximadamente 367 milhões de dólares), formalmente solicitaram a recuperação judicial ao Segundo Tribunal de Comércio de Belo Horizonte. Até o momento, o juiz ainda não emitiu uma decisão sobre este pedido, mas solicitou que uma firma de contabilidade independente apresente um relatório financeiro do grupo para avaliação dentro de 5 dias.

  O grupo Montesanto Tavares (MTG) é um grande conglomerado empresarial que abrange toda a cadeia de suprimentos de café, composto por duas empresas de exportação de café, Cafebras Brazilian Coffee Trade e Atlantic Import and Export, uma empresa de importação de café sediada nos Estados Unidos, Ally Coffee, e outras empresas de investimento. O grupo possui 2000 fornecedores de café verde, 5 fazendas de café e emprega 177 funcionários, com seus negócios de exportação de café cobrindo quase 60 países ao redor do mundo.

  Em 2023, as empresas Cafebras e Atlantic exportaram juntas 166,3 mil toneladas de café. A Cafebras teve uma receita de 999,5 milhões de reais e um lucro líquido de 20,2 milhões de reais, enquanto a Atlantic, apesar de ter uma receita de 1,61 bilhão de reais, registrou uma perda de 42,4 milhões de reais. Com a expansão dos negócios, as perdas se tornaram cada vez mais graves, consumindo até mesmo os lucros da Cafebras. Vale ressaltar que o volume de exportação da Atlantic representou 8% do total de exportações de café arábica do Brasil naquele ano.

  De acordo com o relatório apresentado ao tribunal, as dificuldades financeiras do MTG começaram em 2022. Desde 2021, as condições climáticas nas regiões produtoras de café do Brasil continuaram a se deteriorar, com chuvas excessivas durante o período de floração, secas no verão e geadas e granizo no inverno, causando danos às plantas de café e resultando em uma redução significativa na produção de café. Os agricultores, cooperativas e outras empresas que tinham contratos de fornecimento com o MTG não conseguiram entregar o café em quantidade e no prazo acordados. O MTG, que já havia contratos de venda com empresas estrangeiras, foi obrigado a comprar café no mercado a preços elevados para cumprir os contratos, resultando em enormes perdas.

  Em 2024, o preço do café subiu 70% ao longo do ano, agravando ainda mais a situação do MTG. O grupo empacotou contratos de venda em derivativos, formando o que conhecemos como futuros de café. De acordo com as regras do mercado de futuros, o MTG precisava pagar uma margem de garantia proporcional. Com o aumento do preço do café, para garantir a segurança dos derivativos, o mercado de futuros exigiu repetidamente que o MTG aumentasse a margem de garantia, o que levou a um aumento significativo no valor da margem de garantia paga. Para atender a essa demanda, o MTG teve que contrair empréstimos de instituições financeiras como Cargill, Banco do Brasil, Santander, Safra, Bradesco, BTG Pactual e Itaú Unibanco. No entanto, como não conseguiu fornecer fundos suficientes, o MTG teve que recomprar contratos do mercado, o que elevou ainda mais os preços dos futuros de café e, finalmente, levou sua situação financeira a um ponto irreversível. De acordo com documentos apresentados ao tribunal, até maio do ano passado, a margem de garantia paga pelo MTG havia subido de 74% para 158% das contas a receber da empresa. Mesmo que todas as contas a receber fossem recuperadas, não seria possível pagar as dívidas com as instituições financeiras. Até o final do ano passado, o preço do café havia subido mais de 70%, atingindo o nível mais alto em mais de 40 anos. Sem alternativas, o MTG solicitou ao tribunal em dezembro um adiamento de 60 dias para o pagamento. O juiz que presidiu o caso disse: "Entendo a crise enfrentada pelo autor, que foi plenamente comprovada, mas pedir aos credores que suportem um fardo adicional de 60 dias, com todo o respeito, não é razoável." Apesar de o juiz finalmente concordar em adiar o prazo de pagamento em 30 dias para evitar inadimplência, o MTG acabou não conseguindo pagar as dívidas, resultando em inadimplência real.

  O maior banco do Brasil, o Banco do Brasil S.A., tornou-se o maior credor de dívidas incobráveis neste incidente, com mais de 100 milhões de dólares provavelmente não recuperáveis. A questão crucial é que o mercado teme que outras empresas comerciais de café possam enfrentar problemas semelhantes. Dados mostram que, apenas em novembro do ano passado, o valor total da margem de garantia que precisava ser complementada em todo o setor no Brasil chegou a 7 bilhões de dólares.

 

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