O governo de Moçambique aprovou um investimento de US$ 7,2 bilhões no projeto de Gás Natural Liquefeito (LNG) do Coral Norte na terça-feira. De acordo com o Clube de Moçambique, a nova plataforma deve ser lançada em 2028. Isso marca a segunda fase das operações da empresa italiana de energia Eni na Bacia de Rovuma, onde atualmente gerencia a plataforma flutuante de LNG do Coral Sul.

A instalação do Coral Norte terá um design semelhante ao do Coral Sul e é prevista para produzir 3,5 milhões de toneladas métricas de LNG anualmente, durante 30 anos. Já em outubro de 2023, os planos para esta segunda plataforma na concessão da Área 4 foram mencionados, quando Eni discutiu o projeto com as autoridades moçambicanas. O Coral Sul começou a operar em junho de 2022 e começou a enviar LNG cinco meses depois, e atualmente entrega 22.000 barris de equivalentes de petróleo diariamente para os mercados internacionais.
As vastas reservas de LNG de Moçambique podem gerar até US$ 100 bilhões em receitas, de acordo com as estimativas da empresa de consultoria Deloitte. Isso destaca a importância crescente do país no cenário energético global, especialmente porque o gás natural é visto como um combustível de transição devido às suas emissões de carbono mais baixas em comparação com o carvão. No entanto, os especialistas apontam as limitações dessa perspectiva.
Embora o gás natural queime de forma mais limpa que o carvão, todo o processo dele, desde a extração até o transporte, libera metano, um poderoso gás de efeito estufa. O Fundo de Defesa Ambiental afirma: "O metano define a velocidade do aquecimento no curto prazo", enfatizando sua potência, que é mais de 80 vezes maior que a do dióxido de carbono nos primeiros 20 anos, apesar de ter uma vida útil atmosférica mais curta. Isso complica seu papel como combustível de transição.
Os cientistas instam a uma mudança direta para a energia renovável, uma opção desafiadora para os países dependentes de recursos, como Moçambique. O país depende de suas reservas de petróleo e gás para a estabilidade econômica no curto prazo, mesmo com a ameaça do mudança climática para seu futuro. Essa tensão molda sua estratégia energética.
A Eni, que lidera os dois projetos do Coral, enfatiza seu compromisso em reduzir as emissões de metano. Um relatório de 2023 da empresa afirmou que as emissões diretas de metano caíram mais de metade desde 2018, com as vazamentos reduzidos em 95% e a intensidade de metano nas operações de upstream reduzida em 86% desde 2014. A Eni visa emissões de metano próximas de zero até 2030, embora pequenas quantidades do gás ainda possam ser liberadas.
O projeto do Coral Norte reforça o lugar de Moçambique no setor energético. Sob a gestão da Eni, ele promete benefícios econômicos enquanto aborda as complexidades da produção sustentável. A iniciativa reflete um esforço mais amplo para equilibrar o uso de recursos com as considerações ambientais em um mercado global em mudança.









