Uma equipe de pesquisa do Centro de Ciências de Tóquio, no Japão, relatou recentemente um novo método para introduzir ferromagnetismo à temperatura ambiente e observar expansão térmica negativa na ferrita de bismuto, um material multiferroico. Este método altera a estrutura de spin por meio da substituição dupla de cátions nos sítios de bismuto e ferro, obtendo-se assim as propriedades magnéticas e térmicas desejadas. Espera-se que esta pesquisa forneça uma nova base material para o desenvolvimento de dispositivos de memória de próxima geração.

A ferrita de bismuto é um material multiferroico que exibe tanto ferroeletricidade quanto antiferromagnetismo à temperatura ambiente, mas sua estrutura de spin helicoidal natural cancela a magnetização líquida, limitando sua aplicação em dispositivos magnéticos. A equipe de pesquisa empregou uma estratégia de dupla substituição: substituindo alguns íons de ferro por metais de transição 4d/5d com acoplamento spin-órbita mais forte, enquanto simultaneamente introduzia íons de cálcio para substituir alguns íons de bismuto, a fim de manter o equilíbrio de cargas. Esta pesquisa, liderada pelo Professor Masaki Higashi do Centro de Ciências de Tóquio e pesquisadores da Sumitomo Chemical Co., Ltd., foi publicada online no *Journal of the American Chemical Society* em 28 de novembro de 2025.
Masaki Tung explicou: "Descobrimos que a substituição simultânea de ferro por rutênio ou irídio e de bismuto por cálcio pode suprimir a modulação helicoidal e produzir ferromagnetismo fraco inclinado à temperatura ambiente, mantendo uma estrutura cristalina polar." O composto preparado experimentalmente exibe ferromagnetismo significativo à temperatura ambiente, com coercividade quase quatro vezes maior do que as amostras anteriores com substituição de cobalto, o que é benéfico para a estabilidade do armazenamento de informações em futuras memórias multiferroicas.
Além disso, a dupla substituição altera significativamente o comportamento térmico do material. O estudo constatou que esse método pode reduzir a temperatura na qual o material perde sua ferroeletricidade e induzir expansão térmica negativa próxima à temperatura ambiente, ou seja, contração de volume quando aquecido. Um componente específico apresentou uma taxa de contração volumétrica de aproximadamente 1,77% na faixa de temperatura de 6 °C a 147 °C. Essa propriedade tem potencial para aplicações no controle de problemas causados pela incompatibilidade dos coeficientes de expansão térmica de diferentes materiais em componentes eletrônicos.
Esses resultados de pesquisa demonstram que, por meio da seleção criteriosa da combinação de íons substituintes, a estrutura de spin e o comportamento térmico de óxidos de perovskita podem ser controlados de forma eficaz, oferecendo uma nova abordagem para o desenvolvimento de plataformas de materiais multifuncionais que combinam acoplamento magnetoelétrico e controle da expansão térmica. Masaki Higashi afirmou: "Essas descobertas abrem novos caminhos para o desenvolvimento de materiais multifuncionais que combinam acoplamento magnetoelétrico e controle da expansão térmica, e oferecem potencial para futuras tecnologias de armazenamento e aplicações estruturais avançadas."













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