A Indústrias Nucleares do Brasil (INB) recentemente obteve autorização da Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN) para buscar compradores internacionais para 5,7 toneladas de urânio-235 (U-235) enriquecido a 3,2%, material U3O8. Essa decisão marca um avanço estratégico na gestão de ativos da INB e tem o potencial de abrir novas oportunidades comerciais para a empresa no setor global de energia nuclear.
O material de urânio-235 foi importado para o Brasil em 2016 e tem permanecido armazenado na fábrica de combustível nuclear da INB, localizada em Resende. A INB declarou que, devido à inaptidão deste material para a fabricação de combustível e à sua inviabilidade econômica para uso interno, decidiu vendê-lo. A venda não só criará espaço para fornecer as matérias-primas necessárias para a usina nuclear de Angra, como também gerará uma nova fonte de receita para a INB, apoiando os novos planos de investimento da empresa estatal. De acordo com a decisão da CNEN, a INB planeja vender o urânio-235 por meio de uma competição pública, visando obter o melhor preço e garantir uma posição no mercado global de energia nuclear.
O presidente da INB, Adauto Seixas, elogiou essa iniciativa, afirmando que ela demonstra a capacidade da INB em gerir seus ativos de forma eficiente e aproveitar as oportunidades comerciais no setor nuclear internacional. Após a confirmação de um comprador potencial, a INB precisará obter uma licença de exportação do Ministério das Relações Exteriores para concluir a transação.
O Brasil possui vastos recursos de minério de urânio. Segundo a Associação Mundial de Energia Nuclear, as explorações realizadas nas décadas de 1970 e 1980 indicaram que o Brasil possui 210 mil toneladas de reservas de urânio. Embora o investimento em exploração tenha sido escasso desde meados da década de 1980, o país ainda opera uma mina de urânio: a mina Lagoa Real/ Caetité, da INB, com capacidade de produção de 340 toneladas de urânio por ano. O Brasil também possui duas usinas nucleares em operação, Angra 1 e 2, que geram cerca de 3% da eletricidade do país, e uma terceira usina nuclear está em construção. A venda do urânio enriquecido 235 não só ajudará a atender a demanda de matéria-prima para as usinas nucleares nacionais, mas também fornecerá apoio financeiro para o desenvolvimento futuro da indústria nuclear brasileira.









