A Índia adiou seu plano de aumentar as tarifas de exportação de minério de ferro de baixo teor e pelotas após enfrentar fortes objeções da indústria de mineração nacional, segundo a Reuters, citando uma fonte e dois executivos do setor.
O ajuste proposto elevaria as tarifas para entre 20% e 30%, em relação à alíquota zero atual. No entanto, a resistência de grupos industriais e partes interessadas regionais levou ao atraso na implementação da medida.
A Federação das Indústrias Minerais da Índia, representada pelo diretor-geral BK Bhatia, apelou ao governo para que não introduzisse tais restrições. Ele enfatizou que o setor siderúrgico não faz uso significativo de minério de baixo teor, tornando o mercado de exportação essencial para os produtores.

Em carta ao Ministro de Minas da União, G. Kishan Reddy, a presidente da Câmara de Comércio e Indústria de Goa (GCCI), Pratima Dhond, manifestou preocupação com a possibilidade de estender as tarifas de exportação a finos e granulados de minério de ferro com teor de ferro inferior a 58%. De acordo com a GCCI, isso poderia afetar gravemente a indústria de mineração em Goa, que já enfrenta desafios.
O aumento dos preços domésticos do minério de ferro complicou ainda mais a situação. Fortes chuvas de monções interromperam o fornecimento, contribuindo para o aumento dos preços nos últimos meses. Em agosto, a consultoria de commodities BigMint relatou que os preços dos finos de minério de ferro em Odisha, um dos principais estados produtores do país, estavam 7% mais altos em comparação com o mês anterior devido a interrupções climáticas.
Tanto Goa quanto Odisha, como principais estados produtores de minério de ferro, manifestaram-se contra o aumento do imposto, enfatizando o potencial impacto em seus setores de mineração e exportações relacionadas.
A Índia já havia ajustado sua estrutura de impostos de exportação. Em maio de 2022, o governo impôs um imposto de 50% sobre as exportações de minério de ferro de baixo teor e um imposto de 45% sobre pelotas. A medida foi revertida em novembro de 2024, após reclamações da indústria de que os impostos mais altos restringiam as oportunidades de vendas internacionais e reduziam a competitividade nos mercados globais.
A discussão atual reflete o equilíbrio em andamento entre a proteção das necessidades da indústria nacional e a manutenção das receitas de exportação. Enquanto o governo considera medidas para gerenciar a oferta e os preços do minério, as mineradoras e entidades do setor continuam a defender políticas de exportação abertas para garantir o crescimento constante da produção e do comércio.
O atraso na implementação do aumento de impostos proposto proporciona um alívio temporário para os produtores, mas o debate ressalta os desafios de alinhar a política nacional de mineração às tendências de consumo doméstico e à demanda global por matérias-primas. A decisão também destaca a importância da consulta entre as partes interessadas do setor e o governo antes que as mudanças políticas que afetam setores críticos sejam finalizadas.
O setor de minério de ferro da Índia, apoiado por estados como Goa e Odisha, continua sendo fundamental para a economia de mineração do país. O resultado dessas deliberações políticas será acompanhado de perto tanto por produtores nacionais quanto por compradores internacionais.









