Londres, 27 de outubro (Reuters) - A recém-formada iniciativa global de contabilidade de carbono, Carbon Measures, anunciou que criará um grupo independente de especialistas para orientar o desenvolvimento de um sistema global de contabilidade de emissões de carbono. A organização foi lançada uma semana antes por 19 grandes empresas de energia e instituições financeiras, incluindo ExxonMobil, BASF e Santander Bank.

A Carbon Measures visa desenvolver um sistema de contabilidade de carbono que evite a dupla contagem e incentive efetivamente as empresas a alcançarem a transformação sustentável. A iniciativa recebeu apoio de empresas de diversos setores, incluindo a Abu Dhabi National Oil Company, Bayer e Linde. A CEO Amy Blacchio afirmou que a iniciativa está comprometida em expandir a abrangência da medição de emissões de carbono e promover padrões contábeis mais consistentes.

Embora já existam diretrizes contábeis como o Protocolo de Gases de Efeito Estufa (Greenhouse Gas Protocol), as empresas ainda enfrentam dificuldades para fazer comparações entre empresas e setores. A Carbon Measures planeja criar um sistema contábil baseado em livro-razão nos próximos dois anos para que os países o adotem. Blacchio destacou: “Organizações que investem em sustentabilidade desde o início podem não necessariamente colher os retornos correspondentes. Para que todo o setor avance, o mercado precisa estabelecer condições equitativas para incentivar investimentos inovadores.”

Para aprimorar o profissionalismo e a credibilidade do sistema, a Carbon Measures, com o auxílio da Câmara de Comércio Internacional, nomeará um painel independente de especialistas da academia, contabilidade, indústria e sociedade civil. Esse painel será responsável por avaliar os métodos contábeis existentes, abordar os desafios práticos e desenvolver um roteiro para a contabilização em nível de produto e a implementação de políticas.

Andrew Wilson, Secretário-Geral Adjunto da Câmara de Comércio Internacional, acredita que, no décimo aniversário do Acordo de Paris, as empresas precisam urgentemente de métodos padronizados de contabilização de carbono para acelerar a ação, e essa iniciativa tem o potencial de impulsionar a mudança. O painel independente de especialistas é co-liderado por Blacchio e Katik Ramana, Professor de Negócios e Políticas Públicas da Universidade de Oxford. Ramana afirmou que esse esforço é comparável ao processo de desenvolvimento dos Princípios Contábeis Geralmente Aceitos (GAAP) há 90 anos, enfatizando: "Se implementados corretamente, esses princípios podem mobilizar efetivamente as forças de mercado para acelerar a descarbonização, garantindo ao mesmo tempo o fornecimento de energia."