Com o crescimento contínuo das viagens aéreas, as emissões de gases de efeito estufa provenientes do combustível de aviação tornaram-se uma preocupação cada vez mais séria. Recentemente, pesquisadores da Universidade de Illinois em Urbana-Champaign descobriram um novo método para converter resíduos alimentares em combustível sustentável de aviação (SAF) compatível com os padrões da indústria, reduzindo a dependência de combustíveis fósseis. O estudo foi publicado na revista Nature Communications e oferece um novo caminho para que o setor aéreo alcance a meta de emissões líquidas zero até 2050.

Os cientistas utilizaram o processo de liquefação hidrotérmica (HTL) — uma conversão termoquímica — para transformar resíduos alimentares em bio-petróleo. Em seguida, o produto foi purificado e submetido a hidrogenação catalítica, resultando em um combustível de aviação sustentável que atende a todos os requisitos técnicos.
A primeira autora do artigo, Sabrina Summers, explicou: “A tecnologia HTL simula o processo natural de formação do petróleo na Terra. Nosso objetivo é aprimorar esse bio-petróleo para que possa ser usado diretamente na infraestrutura energética existente.”

No projeto, os pesquisadores utilizaram resíduos provenientes de uma indústria local de processamento de alimentos. A tecnologia HTL pode processar uma ampla variedade de matérias-primas biológicas, incluindo restos de comida e lodo de esgoto. O professor Yuanhui Zhang, do Departamento de Engenharia Agrícola e Biológica, destacou: “Para descarbonizar o combustível de aviação, precisaremos de múltiplas fontes renováveis, e a agricultura desempenhará um papel essencial no fornecimento dessas matérias-primas.” Após testar dezenas de alternativas, a equipe identificou que catalisadores de cobalto e molibdênio foram os mais eficazes para promover as reações químicas necessárias e refinar o petróleo em combustível de aviação sustentável.

Após otimizar o processo de hidrogenação, os pesquisadores produziram amostras de SAF que passaram por testes rigorosos e atenderam a todas as especificações do combustível de jato convencional — sem necessidade de aditivos ou mistura com combustíveis fósseis. Zhang afirmou que essa tecnologia tem potencial de ser ampliada para produção comercial em larga escala, podendo também ser aplicada a outros tipos de óleos, o que representa grande oportunidade de negócios e desenvolvimento econômico.
Ele ainda desenvolveu um índice para medir o desempenho da bioeconomia circular, destacando que o SAF representa uma contribuição valiosa para esse novo modelo econômico sustentável.