Novo material luminescente permite detectar em tempo real a degradação do concreto e aumenta a segurança das construções
2025-11-01 14:44
Fonte:FAPESP
Favoritos

O concreto, material indispensável na construção civil, possui vida útil limitada e precisa ser monitorado periodicamente para garantir a segurança estrutural. Com o objetivo de viabilizar uma análise rápida e de baixo custo em campo, pesquisadores do Instituto de Física da Universidade de São Paulo (IF-USP), em colaboração com a Universidade Católica de Louvain (Bélgica), desenvolveram um novo material luminescente capaz de indicar, sob luz ultravioleta, a presença de compostos associados à degradação do concreto. Os resultados foram publicados na revista Chemical Communications.

A vida útil média de uma estrutura de concreto é de cerca de 50 anos, mas o material é suscetível à ação da umidade, dos sais e dos gases presentes na atmosfera, o que pode levar à acidificação e à corrosão das armaduras metálicas, reduzindo a capacidade de carga. Os métodos tradicionais de inspeção exigem a perfuração e coleta de amostras para análise laboratorial — um processo caro, demorado e invasivo, especialmente em áreas de difícil acesso, podendo inclusive comprometer a resistência estrutural.

Pesquisadores do Laboratório de Nanomateriais e Aplicações do IF-USP desenvolveram um catalisador à base de hidróxidos duplos lamelares (LDH), dopado com íons európio trivalente (Eu³⁺), que emite luz alaranjada-avermelhada sob radiação ultravioleta. Testes laboratoriais mostraram que a cor da luminescência varia conforme o teor de carbonatos absorvidos, permitindo identificar o grau de degradação do concreto: quanto maior o desvio para o vermelho, maior o conteúdo de carbonatos e mais avançada a deterioração.
A primeira autora do artigo, Allison Ferreira Moraes, explicou: “Essa tecnologia permite determinar em tempo real o nível de degradação do concreto e o momento ideal para manutenção, sem necessidade de perfuração ou de análise em laboratório. Isso favorece a manutenção preventiva e ajuda a evitar acidentes.”

Os cientistas planejam agora desenvolver sensores capazes de detectar esse material luminescente e avaliar sua resistência e estabilidade em condições reais. Além de melhorar a segurança das construções, o novo método também contribui para reduzir custos e a pegada de carbono.
O professor Danilo Mustafa, do IF-USP, destacou: “Quanto maior a durabilidade das edificações, menor será a necessidade de novas construções, e isso reduz significativamente as emissões de gases de efeito estufa. O setor da construção responde por cerca de 8% das emissões globais, principalmente devido à produção de concreto e à própria operação dos edifícios.”
Pesquisadores da Universidade de Kiel (Alemanha) também participaram do estudo.

Este boletim é uma compilação e reprodução de informações de parceiros estratégicos e da internet global, destinado apenas para troca de informações entre leitores. Em caso de infração ou outros problemas, por favor, informe-nos imediatamente, e este site fará as devidas modificações ou exclusões. A reprodução deste artigo é estritamente proibida sem autorização formal. E-mail: news@wedoany.com