O presidente argentino Javier Milei vai emitir um decreto para avançar com a privatização parcial da Nucleoelectrica Argentina (NA-SA), a empresa que opera as três usinas nucleares do país, disse seu porta-voz na terça-feira. A medida faz parte do plano mais amplo da administração de reduzir o papel do Estado na economia.
De acordo com o porta-voz do governo, Manuel Adorni, o plano envolve a venda de 44% das ações da NA-SA por meio de um leilão público internacional. O Estado manterá uma participação controladora de 51%, enquanto até 5% serão alocados em um esquema de propriedade conjunta. A NA-SA atualmente opera a Atucha I, a Atucha II e o Embalse, as três instalações nucleares ativas da Argentina.

Adorni disse: "A ideia é promover o investimento privado para construir o primeiro reator modular da Argentina e impulsionar a mineração de urânio". Ele também reiterou que todas as empresas estatais estão sujeitas a revisão e possível privatização no âmbito do programa da atual administração.
Desde que assumiu o cargo em dezembro de 2023, Milei tem enfatizado a disciplina fiscal como uma prioridade central de política. Seu governo introduziu medidas para reduzir gastos e enfrentar a alta taxa de inflação, que estava nos três dígitos quando ele assumiu. A reestruturação planejada da NA-SA se alinha a esses esforços para atrair capital privado e expandir as oportunidades de investimento em setores-chave.
Em uma declaração divulgada separadamente, o governo explicou que a participação privada é vista como essencial para acessar financiamentos, compartilhar riscos e manter as operações da empresa de maneira "eficiente e competitiva". Os funcionários destacaram que o setor nuclear requer investimento sustentado para garantir o crescimento de longo prazo, sendo novos projetos, como os reatores modulares, vistos como estratégicos para o futuro energético da Argentina.
A proposta, no entanto, enfrentou críticas de representantes dos trabalhadores do setor nuclear. Um grupo ligado à Comissão Nacional de Energia Atômica e Atividade Nuclear expressou preocupação em relação ao plano, argumentando que o Estado deveria continuar sendo central na supervisão do desenvolvimento da energia nuclear e nas normas de segurança.
O grupo disse: "A privatização da NA-SA não vai melhorar a vida das pessoas, mas sim incentivar o aumento das tarifas para se igualar à taxa de mercado, com os cidadãos pagando a diferença para aumentar a rentabilidade de uma empresa privada". Sua declaração alertou que a privatização parcial poderia resultar em custos energéticos mais altos para os consumidores e enfraquecer a fiscalização estatal em um setor sensível.
Os observadores da indústria notam que o programa nuclear da Argentina está ligado há muito tempo a instituições públicas, sendo a NA-SA fundamental na gestão da infraestrutura e das operações. A decisão do governo de privatizar parcialmente a empresa sinaliza uma mudança rumo a envolver mais diretamente os atores privados no desenvolvimento futuro do setor.
O futuro leilão internacional espera-se que atraia o interesse de investidores nacionais e estrangeiros, dado a escala das instalações nucleares e a ambição declarada pelo governo de desenvolver a tecnologia de reatores modulares. O processo será seguido de perto como parte das reformas econômicas mais amplas da Argentina e da reestruturação dos ativos estatais.









